Os cupês esportivos costumam não encontrar vaga em mentes mais racionais. Veja o estreante Peugeot RCZ: seu espaço traseiro mal acomoda duas crianças pequenas e, pelo que vale (129 900 reais), é possível comprar um luxuoso sedã e, com o troco, abastecê-lo por meses a fio. Definitivamente, cupês não são para quem compra carro baseado em racionalidades.
Numa noite quente de um sábado à noite, fui até a avenida Paulista, em São Paulo, fazer o teste do "pescoçômetro" com o RCZ. Um sucesso. Das calçadas repletas de gente de todas as idades, tribos e classes sociais pipocavam flashes das cameras de celular. Durante o desfile, só notei uma pessoa que não gostou do RCZ: um homem de cerca de 35 anos a bordo de um Hyundai Veloster. Eu havia achado o concorrente perfeito para testar o poder de atração do cupê. E não é que o francês polarizou os carões de admiração, os dedos apontados e as fotos? Em pouco tempo, minha vítima sucumbiu na Paulista: não pensou duas vezes em frear ao ver o semáforo amarelo - deve ter respirado aliviado ao ver o RCZ indo embora.
Construído sobre a Plataforma 2 (a mesma do crossover 3008 e do hatch 308), o cupê esbanja personalidade. O perfil é seu melhor ângulo. Ficam evidentes os para-lamas volumosos, as rodas aro 18, a porta sem esquadro superior, o vidro traseiro curvo e o aerofólio escamoteável. Mas nada chama tanta atenção quanto o arco superior de alumínio escovado - e o melhor: é chamativo sem ser vulgar. A dianteira, com boca (grade) e olhos (faróis) enormes, é a cara da Peugeot, literalmente. Atrás, o vidro traseiro volta a roubar a cena: fica evidente o formato de bolha dupla, uma para cada ocupante - o RCZ é um 2+2 lugares.
Se por fora o desenho é arrebatador, o mesmo não se aplica à cabine. O painel tem formato idêntico ao do 308, assim como o volante, grande e com empunhadura ruim. A diferenciação do RCZ não vai muito além do grafismo e da aplicação de alumínio nas pedaleiras, no console central e nas portas. A mesmice dos comandos torna ainda mais difícil enxergar a beleza interior do RCZ: alavancas de seta e limpador e as pequenas ilhas de controle do rádio e do limitador e controlador de velocidade são idênticos aos de toda a linha Peugeot. O mesmo acontece com a tela de iluminação vermelha, que exibe as informações do som e do computador de bordo. Volante com comandos de piloto automático, som, telefone celular e borboletas para troca de marchas seria muito bem-vindo. O pacote de equipamentos, bastante completo, inclui ar condicionado digital bizona, direção com assistência eletro-hidráulica, trio elétrico, airbags frontais e laterais, ABS e controles de tração e estabilidade. Bancos elétricos e com aquecimento (o do motorista, com memórias), limpadores de parabrisa e faróis com acionamento automático, sensor de baixa pressão dos pneus e faróis de xenônio direcionais complementam o conjunto de itens voltados para ampliar o conforto e a segurança.
Acerto copiado
O RCZ traz um conjunto de motor e câmbio que, em janeiro de 2012, sera aplicado no sedã 408. O quatro-cilindros 1.6 16V turbo é o mesmo do crossover 3008, porém com um acerto da central eletrônica mais nervoso (tem 165 cv, ante 156 do 3008) - uma fonte ligada à marca garante que os 3008 também estão para receber o motor com o novo ajuste. A transmissão é a mesma: Tiptronic automática, com conversor de torque, seis marchas e opção de trocas sequenciais na alavanca. Na prática, motor e câmbio formam uma dupla de causar inveja na concorrência: o RCZ oferece boa performance sem cobrar a conta na hora de abastecer.
A suspensão é esportiva, com molas e amortecedores duros. Some aí banco do piloto com espuma de alta densidade e pneus de perfil baixo e tenha um modelo desconfortável na cidade, mas ótimo companheiro para um fim de semana na estrada. Inclusive na hora de levar a bagagem: seu porta-malas carrega entre 321 e 639 litros - um de seus maiores rivais, o Audi TT Coupé, de 203 cv e 196000 reais, leva entre 290 e 700 litros.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
os três sistemas funcionam com boa progressividade, mas nenhum é merecedor de destaque positivo.
★★★
MOTOR E CÂMBIO
eficiente, o conjunto mecânico alia desempenho e baixo consumo. o motor 1.6 com injeção direta de combustível e turbo é a estrela maior da dupla.
★★★★
CARROCERIA
Irresistível nas formas, o rCz apresenta montagem precisa inclusive no interior.
★★★★
VIDA A BORDO
espaçoso na dianteira, o rCz submete quem vai atrás a um aperto além do normal mesmo para um cupê.
★★★
SEGURANÇA
Além dos clássicos AbS e airbags (frontais e laterais), oferece controles de tração e estabilidade.
★★★★
SEU BOLSO
Por 129 900 reais, está longe de ser uma pechincha. Mas é inegável: o rCz é perfeito para quem busca diversão ao volante e exclusividade.
★★★
Audi tt Coupé
O motor 2.0 turbo, com 203 cv, é mais forte que o do RCZ. O preço também: custa 196000 reais.
Mini Cooper Coupé S
BMW e Peugeot desenvolveram em parceria o motor 1.6 do RCZ e do recém lançado Mini Coupé. Custa 149 950 reais.